domingo, 24 de julho de 2011

Noruega: autor de ataques utilizou munição proibida em guerras

O autor confesso dos atentados na Noruega, Anders Behring Breivik, usou um tipo de munição especial, proibida nas guerras, para provocar o maior número de mortes possível em seu ataque ao acampamento de jovens, segundo um médico que atendeu às vítimas. Em entrevista à imprensa local, o cirurgião chefe do Hospital Ringerike, Colin Poole, que tratou de 16 feridos no tiroteio da ilha de Utoya, assegura que o agressor utilizou balas que têm os extremos ocos para que o núcleo se fragmente no choque.

"Essas balas provocam uma devastação dentro do corpo das vítimas. Os ferimentos internos que tinham eram absolutamente terríveis", disse Poole. Ele acrescentou que as balas causaram graves danos aos feridos, em sua maioria jovens e adolescentes, e dificultaram o trabalho da equipe de cirurgiões do hospital.
"Tivemos dificuldades pelo tipo de dano que essas balas especiais provocam. O efeito que causam dentro do corpo é similar ao de milhares de agulhas e alfinetes", revelou o cirurgião. Poole acrescentou que este tipo de munição é muito difícil de ser comprada legalmente na Noruega.

Essas balas, cujo uso é proibido nas guerras desde 1899, são utilizadas em ocasiões muito específicas, como em operações antiterroristas. Na sexta-feira passada, Breivik matou pelo menos 93 pessoas em dois atentados em Oslo e em um acampamento de jovens social-democratas na ilha de Utoya, a cerca de 40 km da capital norueguesa.

Tragédia na Noruega

A Noruega viveu na última sexta-feira a maior tragédia do país desde a Segunda Guerra Mundial. Dois atentados deixaram, até o momento, um saldo de 93 mortos. Primeiro, uma bomba explodiu no centro da capital, Oslo, na região onde estão localizados vários prédios governamentais, inclusive o escritório do premiê, Jens Stoltenber. Sete pessoas morreram, mas a polícia admite possa haver corpos não resgatados nos prédios.

A segunda tragédia aconteceu em uma ilha próxima da capital, Utoya. Lá, Anders Behring Breivik, um homem de 32 anos vestido com uniforme da polícia, abriu fogo contra jovens reunidos em um acampamento de verão. Ao menos 86 morreram, a maioria pelos tiros disparados. Alguns outros morreram afogados após tentarem fugir nadando. Anders foi detido logo depois, pela polícia, e admitiu o crime. O atirador, que é ligado à extrema-direita e publicou um manifesto na internet chamando à violência contra muçulmanos e comunistas, também tem envolvimento no ataque em Oslo. Ele deve prestar depoimento na segunda-feira.

As informações são da EFE



ENTENDA MAIS SOBRE ESSE TIPO DE PROJÉTIL
Projetil hollow point (ponta oca), ou como popularmente conhecido, bala dumdum, é o nome para os projéteis de armas de fogo concebidos para se expandir e fragmentar durante o impacto.

Nem todo projétil dundum refere-se à bala dundum.

Tecnicamente, diz-se que há maior transferência de energia e, consequentemente, o "poder de parada" também é maior, nos projéteis vulgarmente chamados dundum, entretanto referem-se aos projéteis ponta oca. O aumento do diâmetro do projétil limita a sua penetração, e produz, no corpo da pessoa ou animal alvejado, um ferimento mais extenso.

Histórico
Inventado no final dos anos 1890 por um oficial do exército britânico, Neville Bertie-Clayno, no arsenal de Dum Dum, cidade próxima de Calcutá, este tipo de projétil foi condenado pela Convenção de Haia de 1899, por motivos humanitários: a bala dundum se estilhaça dentro do corpo do indivíduo atingido, provocando dores lancinantes - o que normalmente não acontece com uma bala comum.
 
Trecho de publicação

No Brasil, é permitida a utilização da ponta oca, que por vezes é equivocadamente qualificada como a original bala dundum. A utilização da ponta oca por forças policiais também é permitida, pelo seu maior "poder de parada", ou seja, é possível neutralizar o oponente com apenas um tiro. Contudo, ainda é proibida a utilização da bala dundum, pois o estilhaçamento aumenta tanto a cavidade como maiores lesões a órgãos internos. Devido ao estilhaçamento, a dundum é de maior dificuldade para tratamento médico. A ponta oca, um princípio originado com a bala dundum, continua a ser usada em vários países. É utilizada, por exemplo, pela Britanica Scotland Yard

Aspectos técnicos
As primeiras versões das balas dundum têm um furo na parte frontal ou um corte em cruz na porção frontal. Atualmente existem versões comerciais como Hydrashok e Silvertip.

Por vezes sua designação é "munição de ponta oca" (hollow point), contudo o projétil ponta oca não foi projetado para estilhaçar, por isto é uma designação equivocada, ou pelo menos incompleta. O princípio de funcionamento da ponta oca baseia-se na dinâmica de fluidos: após penetrar no meio (aquoso ou gelatinoso), é criada uma zona de pressão, no interior da concavidade do projétil, que força as extremidades (bordas) da ogiva para fora, fazendo "aflorar" o projétil. Dessa forma, não ocorre a transfixação, ou seja, a bala não atravessa o corpo, e toda a energia do projétil é transferida imediatamente ao corpo atingido.
Outro tipo de munição muito utilizada e com funcionamento oposto às munições expansivas é o FMJ (full metal jacket), conhecida também como encamisada ou enjaquetada. Esta munição possui projétil de chumbo revestido com uma casca de metal forte (geralmente ligas de cobre) e apesar de ter uma penetração maior, mesmo em alvos blindados, não tem o mesmo poder de parada das expansivas. As munições FMJ também são menos seguras para o uso policial, pois são altamente transfixantes e, após atingir o oponente, podem ferir outras pessoas.