quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

MANGUINHOS E JACAREZINHO - Farra do tráfico com hora para acabar, diz PM

A construção da Cidade da Polícia está próxima de se tornar realidade e pode vir a beneficiar 120 mil pessoas que vivem às margens e nas comunidades do Jacarezinho e Manguinhos, na Zona Norte do Rio. Nesta quinta-feira, o capitão e porta-voz da Polícia Militar, Ivan Blaz, afirmou que o policiamento ostensivo vai continuar, mas atividades criminosas na região só serão extintas a partir de maio, quando a nova sede de todas as delegacias especializadas ficará pronta.

"Estas comunidades (Manguinhos e Jacarezinho) são estratégicas para a fuga de traficantes e venda de drogas. Estas atividades serão extintas com a chegada da Cidade da Polícia", disse o porta-voz e capitão Ivan Blaz.

Nesta quinta-feira, o Grupamento de Ações Táticas do 3º BPM (Méier) fez operações nas comunidades de Manguinhos e Jacarezinho, para reprimir a ação de traficantes que agem livremente na região. Durante a ação, os policiais militares prenderam um homem que portava drogas em uma mochila e houve tiroteio. A ação contou com o apoio de um carro blindado (Caveirão).

Autoridades já detalham um plano estratégico para a retomada do território localizado entre a Avenida Don Hélder Câmara e dos Democráticos, que atualmente é dominada por traficantes e viciados. O controle exercido pelos criminosos de Manguinhos e Jacarezinho têm prazo de validade, garantem os responsáveis pelo plano.

"Esta bravata de traficantes tem hora para terminar com a instalação da Cidade da Polícia", disse o vice-governador Luiz Fernando Pezão.

O direito de ir e vir, na esquina do medo, é determinado pelo cano de pistolas e fuzis. No local, se desenrola uma guerra fria que, para ferver, precisa apenas de uma fagulha. Pode ser a passagem de um carro da polícia, o confronto de facções, a desobediência de um condutor amedrontado ou um bandido armado e com vontade de matar.

A 'farra' dos criminosos foi revelada, nesta quarta-feira. Imagens mostram bandidos armados apontando mira laser para cima de torres de observação da polícia e mulheres cheirando cocaína na calçada. O primeiro alvo já está definido: Manguinhos.
 


Não haverá ocupação das favelas, como acontece onde as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) foram instaladas. O plano da Polícia Civil é atacar primeiro a favela que abriga as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que é menor do que o Jacarezinho.

O diretor do departamento de Polícia Especializada (DPE), Rodrigo Oliviera, reforça os discursos do vice-governador e do capitão PM Ivan Blaz.
“Por enquanto, nossa preocupação é manter a segurança do terreno que vamos ocupar. Mas esse trânsito livre, com bandidos passando de um lado para o outro de fuzil, viciados se drogando na rua, ‘bondes’ circulando, aquela bagunça toda vai acabar. Faremos operações a curto, médio e longo prazos e teremos uma área mais segura", diz Rodrigo Oliveira.
Lucro com roubo de motos
O poderio bélico da quadrilha de Manguinhos é mantido com os lucros do tráfico de drogas e da revenda de peças de veículos roubados. Segundo o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Roubos e Furtos de Autos (DRFA), com o aumento do número de motocicletas nas ruas, a procura pelas peças também cresceu.

Em três operações feitas na favela ano passado, agentes recuperaram mais de 100 veículos roubados. Em 2009, foram registrados 852 roubos na região.

Para despistar a polícia, os traficantes atacam em locais distantes de Manguinhos, principalmente em bairros das zonas Sul, Norte e Baixada. “Fazemos operações regularmente e sempre encontramos muitos veículos roubados lá”, destacou o delegado.