Choro de Maisa faz Justiça tirá-la do ar e abre discussão sobre trabalho na infância
Famosa por sua inteligência e humor precoce, Maisa Silva chamou a atenção do Brasil, com suas lágrimas, para os limites do trabalho infantil na TV. No YouTube, o vídeo em que ela aparece chorando com medo de um menino maquiado de monstro no ‘Programa Silvio Santos’, do último dia 10, já soma mais de um milhão de acessos. As cenas em que bate com a cabeça em uma câmera e foge da plateia e do apresentador, sob coro de “medrosa”, provocaram uma reação em cascata de órgãos públicos, como Ministério da Justiça, Ministério Público Federal, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e Juizado da Infância e da Juventude de Osasco, que cassou, sexta-feira, a licença de trabalho que liberava a participação da menina, 7 anos, no ‘Programa Silvio Santos’.
Quem começou cedo como Maisa diz o que precisa ser feito para evitar episódios como esses. A atriz Bruna Marquezine foi descoberta aos 3 anos no programa ‘Gente Inocente’ e aos 6 já atuava em um núcleo dramático em ‘Mulheres Apaixonadas’ (2003), chorando a morte da mãe como Salete. “Na escola, os meninos começaram a chamá-la de chorona e ela passou a não querer ir às aulas. Pedi ajuda das professoras e dizia a Bruna que os meninos, quando gostavam muito de alguém, brincavam assim. Nas ruas ela também estranhava as pessoas chorando ao falar com ela”, lembra Neide Maia, mãe da atriz, que em cena era maltratada pela avó.
Hoje, aos 13 anos, contratada pela TV Globo até outubro de 2009, Bruna não se recorda do que aconteceu: “Eu sempre adorei posar para fotos, filmar, achava tudo divertido”.
Paquita do ‘Xou da Xuxa’ desde os 12 anos, Andréa Sorvetão lembra que não gostava de ser chamada a atenção no palco. “Ficava com raiva quando levava bronca, não entendia a razão, mas depois vi que era para meu crescimento. Maisa tem ‘chips’ a mais, lida com adultos, mas não podemos esquecer que é só uma criança”, opina. Mãe da atriz Carla Diaz, Mara Diaz acompanha de perto a rotina da filha, que aos 3 anos já gravava a novela ‘Chiquititas’ na Argentina. Aos 11, estourou como Khadija, em ‘O Clone’. Hoje, com 18, Carla é contratada da Record. “Em Buenos Aires, havia um controle severo durante as gravações. Um funcionário do Sindicato dos Artistas observava quanto tempo as crianças ficavam no estúdio. Se passasse das seis horas de trabalho, tirava a criança de cena mesmo sem gravar”, conta Mara, que acredita que faltou tato a Silvio Santos. “Ele não podia ter provocado a menina daquele jeito, é uma criança”
Na Internet, o site freemaisa.info convida os internautas a participar de abaixo-assinado para “libertar Maisa das garras do abuso psicológico”, mas avisa que não tem como objetivo vê-la fora do ar. Até a polêmica, Maisa reinava no SBT. A menina — que começou como caloura de Raul Gil, aos 3 anos — chegou à emissora em outubro de 2007, com salário calculado em R$ 20 mil. De apresentadora do ‘Sábado Animado’ — programa em que apareceu normalmente ontem—, ganhou quadro ao lado do Dono do Baú. O bate-bola entre eles era cômico até que a menina não aguentou e chamou Silvio de “velho horroroso”, enquanto tentava tirar sua peruca no ar. O apresentador respondeu às provocações colocando a menina dentro de uma mala fechada.
Ex-moradora de conjunto habitacional em São José dos Campos, Maisa mudou-se há pouco tempo para um apartamento maior e, no meio do ano, deve mudar-se de vez para São Paulo. Ela fatura alto com merchandising de produtos cosméticos e de limpeza, além da venda de sua boneca.
No Rio de Janeiro, para que um menor de 16 anos possa trabalhar, é necessário, além da autorização dos pais autenticada, um alvará concedido pelo Juizado de Menores. O órgão solicita à empresa contratante (emissora de TV, por exemplo) as condições em que a criança vai trabalhar, pelo período máximo de 6 horas diárias, e o comprovante de sua matrícula na escola.
Segundo Márcio Mothé, procurador de Justiça da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça e ex-promotor da Vara da Infância e da Juventude, a ação judicial pode tirar Maisa do ar de vez, independentemente da vontade dos pais da apresentadora. “O trabalho infantil ultrapassa a esfera da mãe. O juiz cobra certa responsabilidade e compromisso do contratante”, diz Márcio.
Em 2000, o Juizado de Menores tirou do ar, por um mês, o elenco infantil da novela ‘Laços de Família’, alegando que as crianças participavam de cenas de violência. “Carla ficou arrasada por sair da novela, e comemorou quando pôde voltar a gravar”, relembra Mara Diaz, mãe da atriz. Técnicos, comissários de Justiça e conselheiros tutelares fiscalizam o cumprimento das exigências do Juizado de Menores. “Cabe também à sociedade esse papel porque, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente”, lembra Márcio
Hoje, aos 13 anos, contratada pela TV Globo até outubro de 2009, Bruna não se recorda do que aconteceu: “Eu sempre adorei posar para fotos, filmar, achava tudo divertido”.
Paquita do ‘Xou da Xuxa’ desde os 12 anos, Andréa Sorvetão lembra que não gostava de ser chamada a atenção no palco. “Ficava com raiva quando levava bronca, não entendia a razão, mas depois vi que era para meu crescimento. Maisa tem ‘chips’ a mais, lida com adultos, mas não podemos esquecer que é só uma criança”, opina. Mãe da atriz Carla Diaz, Mara Diaz acompanha de perto a rotina da filha, que aos 3 anos já gravava a novela ‘Chiquititas’ na Argentina. Aos 11, estourou como Khadija, em ‘O Clone’. Hoje, com 18, Carla é contratada da Record. “Em Buenos Aires, havia um controle severo durante as gravações. Um funcionário do Sindicato dos Artistas observava quanto tempo as crianças ficavam no estúdio. Se passasse das seis horas de trabalho, tirava a criança de cena mesmo sem gravar”, conta Mara, que acredita que faltou tato a Silvio Santos. “Ele não podia ter provocado a menina daquele jeito, é uma criança”
PAIS DE MAISA COMPRAM APARTAMENTO
Na Internet, o site freemaisa.info convida os internautas a participar de abaixo-assinado para “libertar Maisa das garras do abuso psicológico”, mas avisa que não tem como objetivo vê-la fora do ar. Até a polêmica, Maisa reinava no SBT. A menina — que começou como caloura de Raul Gil, aos 3 anos — chegou à emissora em outubro de 2007, com salário calculado em R$ 20 mil. De apresentadora do ‘Sábado Animado’ — programa em que apareceu normalmente ontem—, ganhou quadro ao lado do Dono do Baú. O bate-bola entre eles era cômico até que a menina não aguentou e chamou Silvio de “velho horroroso”, enquanto tentava tirar sua peruca no ar. O apresentador respondeu às provocações colocando a menina dentro de uma mala fechada.
Ex-moradora de conjunto habitacional em São José dos Campos, Maisa mudou-se há pouco tempo para um apartamento maior e, no meio do ano, deve mudar-se de vez para São Paulo. Ela fatura alto com merchandising de produtos cosméticos e de limpeza, além da venda de sua boneca.
Juizado fiscaliza horário e escola
No Rio de Janeiro, para que um menor de 16 anos possa trabalhar, é necessário, além da autorização dos pais autenticada, um alvará concedido pelo Juizado de Menores. O órgão solicita à empresa contratante (emissora de TV, por exemplo) as condições em que a criança vai trabalhar, pelo período máximo de 6 horas diárias, e o comprovante de sua matrícula na escola.
Segundo Márcio Mothé, procurador de Justiça da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça e ex-promotor da Vara da Infância e da Juventude, a ação judicial pode tirar Maisa do ar de vez, independentemente da vontade dos pais da apresentadora. “O trabalho infantil ultrapassa a esfera da mãe. O juiz cobra certa responsabilidade e compromisso do contratante”, diz Márcio.
Em 2000, o Juizado de Menores tirou do ar, por um mês, o elenco infantil da novela ‘Laços de Família’, alegando que as crianças participavam de cenas de violência. “Carla ficou arrasada por sair da novela, e comemorou quando pôde voltar a gravar”, relembra Mara Diaz, mãe da atriz. Técnicos, comissários de Justiça e conselheiros tutelares fiscalizam o cumprimento das exigências do Juizado de Menores. “Cabe também à sociedade esse papel porque, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente”, lembra Márcio