quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Política de Segurança se faz com Inteligência*

Truculência não é Política

A retirada do apoio oficial aos grupos de extermínio que atuaram durante a ditadura militar marcou a gestão do governador do estado eleito em 1982. Ele tentou implantar política de respeito aos direitos humanos e teve resistência de quartéis e delegacias. O termo “direitos humanos” era banalizado pelos que representavam a “ordem” e promoviam a desordem, assim como pela mídia e por setores conservadores.

O tráfico existia, praticado por filhos das próprias comunidades, e não era muito violento. O traficante Escadinha era admirado no Morro do Juramento e tratado pela mídia com afagos, a exemplo da música, de Jorge Benjor, Charles Anjo 45.

Em 1986, um candidato prometeu acabar com a violência em seis meses. Foi eleito. Em 1987, a matança de assaltantes que fugiam na saída da Ilha do Governador marcou o que seria sua política de segurança.

Para não morrerem desarmados, a opção dos traficantes foi enfrentar a fúria oficial ou se refugiarem em outras comunidades. Assim estruturou-se o uso de armas pesadas, a preparação militar pelos que haviam prestado serviço militar e a ampliação da corrupção policial no fornecimento de armas e munição.

Durante a Batalha de São Conrado, o secretário Beltrame disse que o fuzil chegou ao Rio de Janeiro em 1988. Tem razão. Mas a política de extermínio do governo acirrará ainda mais o conflito, elevará o patamar da violência e da corrupção policial.

As UPPs nas regiões nobres fará migrar a violência para longe das câmeras das TVs sediadas na Zona Sul do Rio de Janeiro. A periferia será convertida em extensa Faixa de Gaza e não estará garantida a segurança na Zona Sul.

Política de segurança em prol dos cidadãos se faz com inteligência e sem truculência.


*João Batista Damasceno
Cientista político (PPGCP/UFF) e membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD)