quinta-feira, 15 de novembro de 2012

CRACK: USO DE ARMAS NÃO LETAIS É CRITICADO

O destino dos 250 aparelhos de choque elétrico e dos 375 sprays de pimenta recebidos pela Secretaria estadual de Segurança dentro do programa federal “Crack, é possível vencer” será decidido na semana que vem, em uma reunião com representantes das polícias Civil e Militar. Mas a polêmica suscitada com o anúncio de que o taser será utilizado na repressão ao uso do crack está longe de terminar. Ontem, a psicanalista Ivone Pouczek, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) da Uerj, criticou a iniciativa:

É um retrocesso. Precisamos desmontar a ideia de que tratamento é feito com punição. Até porque o uso de droga foi descriminalizado. É preciso mostrar que o tratamento é um direito, não um castigo — afirmou Ivone.

A psicanalista disse ser favorável à internação compulsória dos usuários de crack, mas somente quando equipes de saúde especializadas determinarem os critérios para esta ação.

Sou a favor quando há risco à própria vida (do usuário), à vida de terceiros ou se houver descontrole do dependente. Alguns até pedem ajuda, espontaneamente. É preciso ser capacitado para saber quem quer ajuda — observou ela.

O equipamento já chegou ao Rio e está guardado no Batalhão de Choque da Polícia Militar. Segundo a Secretaria de Segurança, 70 policiais civis e militares já fizeram o curso de capacitação para o uso do armamento não letal. O objetivo, porém, é capacitar 200 policiais para serem multiplicadores. O curso dura uma semana e é dividido em três módulos: uso progressivo da força; conhecimento de leis internacionais de direitos humanos aplicados ao uso da força; e manejo do equipamento.

Médicos já estão preocupados com a possibilidade de o taser — uma pistola que dá choques de 50 mil volts capazes de paralisar o alvo — possa causar danos ao coração de dependentes por causa da debilidade física em que alguns se encontram. O sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Uerj, lembra que já houve casos de morte de vítimas desses equipamentos fora do país. E critica o que chama de caça ao usuário de crack.

O dependente de crack parece estar sendo caçado. Dá a entender que ele será retirado das ruas para que não haja visualização. Condeno essa política. O melhor é ajudar quem deseja se tratar. A única justificativa para o uso de taser é quando há luta corporal — afirmou o sociólogo.

Ontem, a Secretaria municipal de Assistência Social adotou uma estratégia diferente na realização de mais uma operação de acolhimento de usuários de crack que ficam às margens da Favela Parque União, na entrada da Ilha do Governador. Dessa vez, policiais militares e civis da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), munidos com um mapa de toda a região, cercaram a cracolândia e impediram que viciados fugissem em direção às pistas da Avenida Brasil, como aconteceu de outras vezes.

Na ação, foram acolhidas 26 pessoas. Uma delas era uma adolescente que foi internada compulsoriamente e encaminhada para o tratamento de dependência química. Ao todo, além de policiais, participaram da ação 20 agentes da prefeitura.

Também foi recolhida das margens da Avenida Brigadeiro Tromposwsky uma usuária de crack que estava doente.


BANDO É PRESO COM ZIRRÊ, MISTURA DE CRACK E MACONHA

Três traficantes foram presos e vários tipos de drogas foram apreendidos na terça-feira, na comunidade Ficap, no Jardim América. Durante a operação, coordenada pela Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), foram encontrados 450 sacolés de zirrê, também chamado de craconha ou criptonita, uma mistura de crack com maconha, que potencializa o efeito de ambas as drogas. Segundo agentes da Dcod, uma investigação apontou que uma casa na Rua Phidias Távora funcionava como central de distribuição da favela. No local, foram presos André de Queiroz Araújo, de 29 anos, apontado como gerente-geral do tráfico na região, Dargilan Nascimento de Lira, de 24, e Rafael do Nascimento, de 28.

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