Entre uma viela do Cantagalo e outra do Pavão-Pavãozinho, a baixinha de quase 1,60m passeava de mansinho, com uma inocente mochila verde, em formato de sapo, a tiracolo. Abordava PMs, policiais civis e imprensa para saber o que estavam fazendo, e intitulava-se “membro da Comissão de Direitos Humanos” das favelas de Ipanema e Copacabana. Presa ontem numa operação da Polícia Civil nas favelas, Jonya Lúcia Trotte era, na verdade, o exemplo clássico de lobo em pele de cordeiro.
Acusada de associação para o tráfico, Jonya fazia, segundo escutas realizadas pela polícia, o meio-campo entre o traficante Leandro de Oliveira Rezende, o Azul — hoje refugiado na Favela da Chatuba, no Complexo do Alemão —, e os traficantes que permaneceram no Pavão após a Unidade de Polícia Pacificadora. Informações da polícia revelaram que ela pretendia fazer o mesmo papel no Morro da Providência.
— Ela é antiga aqui. Muito antes da UPP, estava sempre por aqui na comunidade — contou ontem uma moradora da Providência.
Embora tenha afirmado, na delegacia, que trabalha para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Irmã Loura, como Jonya é citada nas gravações, não é sequer voluntária da ordem. Segundo a presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, ela às vezes ia à OAB, mas não fazia parte do quadro de voluntários da instituição.
Acusada de associação para o tráfico, Jonya fazia, segundo escutas realizadas pela polícia, o meio-campo entre o traficante Leandro de Oliveira Rezende, o Azul — hoje refugiado na Favela da Chatuba, no Complexo do Alemão —, e os traficantes que permaneceram no Pavão após a Unidade de Polícia Pacificadora. Informações da polícia revelaram que ela pretendia fazer o mesmo papel no Morro da Providência.
— Ela é antiga aqui. Muito antes da UPP, estava sempre por aqui na comunidade — contou ontem uma moradora da Providência.
Embora tenha afirmado, na delegacia, que trabalha para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Irmã Loura, como Jonya é citada nas gravações, não é sequer voluntária da ordem. Segundo a presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, ela às vezes ia à OAB, mas não fazia parte do quadro de voluntários da instituição.
Jonya já era figura carimbada no Disque-Denúncia
A prisão da Irmã Loura foi recebida com estranhamento nas favelas em que atuava, os morros Pavão-Pavãozinho, Cantagalo e Providência, todas pertencentes à mesma facção. Como ela acompanhava de perto o dia a dia das três comunidades, acreditava-se que ela fosse moradora. Mas, no Disque-Denúncia, Jonya já era figura carimbada.A primeira informação contra ela foi recebida em julho de 2009. A informação dizia que Jonya participava do tráfico, e estaria incitando moradores do Pavão a participar de protestos contra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na Avenida Atlântica, em Copacabana.
Outro registro, de novem$de 2009, informou que Jonya era traficante e, mesmo morando na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, estaria atuando no Pavãozinho.
A alegação feita por Jonya na delegacia, de que seria integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, mostrou como era vasta a rede de mentiras criadas por ela. Usando o suposto contato $outras pessoas para se legitimar, ela chegou à Comissão por meio da ONG Redes de Comunidades Contra a Violência. Integrante dessa ONG, Patrícia de Oliveira disse que a conheceu em 2007, quando jovens da Providência foram entregues à traficantes do Morro da Mineira por militares do Exército.
Ela afirmou ainda que Jonya dizia trabalhar com a vereadora Verônica Costa. Mas, de acordo com o assessor da ex-vereadora Verônica Costa, Márcio Giovani, Jonya nunca trabalhou com a funkeira.
‘Cachorros brancos e pretos’
As investigações indicam que Jonya fazia contatos com traficantes, inclusive alguns chefes que, após a UPP, se refugiaram na Favela da Chatuba, no Complexo da Penha.
Nas gravações, ela só se referia aos policiais do Bope como ‘cachorros pretos’ e aos PMs da UPP como ‘cachorros brancos’: “Ela tomava conta da administração do tráfico aqui e usava a condição de representante de direitos humanos para atrapalhar qualquer movimentação policial”, explicou a delegada Monique Vidal.
Os outros traficantes presos na operação foram Darci Marques de Oliveira, o Tim; Fabiano da Silva Pereira, o Bicudo; Jorge Carvalho Cardoso, o Ginjor; Carlos Eduardo de Souza Fernandes, o Bidu; Alexandre Duarte Júnior, o Mini Mini; e Bárbara de Oliveira Rezende. Ela é irmã de Leandro de Oliveira Rezende, o Azul, gerente-geral do Pavãozinho e do Cantagalo, que estaria na Penha.