quarta-feira, 22 de julho de 2009

Umbanda é declarada patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro


Foto: Fábio Guimarães - 29/12/2008. Fiéis fazem procissão para Iemanjá na praia: patrimônio histórico

Menos de uma semana depois de o candomblé ter virado patrimônio imaterial do Estado, o governador Sérgio Cabral sancionou, ontem, a Lei 5.514/09, de autoria do deputado Gilberto Palmares (PT), que confere o mesmo título à umbanda.

A partir do momento em que os cultos viram patrimônio, eles passam a ser mais divulgados, diminuindo a intolerância e a violência — comentou, em nota, Palmares, que também é autor da lei que declara o candomblé patrimônio imaterial do estado.

Para a professora de antropologia da UFRJ e autora do livro "Guerra de Orixá", Yvonne Maggi, o tombamento é uma forma de dar legitimidade à religião:

A umbanda foi criada no Rio de Janeiro dos anos 20 por um grupo que se separou do Kardecismo, mas que não queria assumir todos os ideais do candomblé. O tombamento preserva essa cultura. O mais difícil é mudar a relação cotidiana entre os fiéis de várias religiões.

Diretora da Congregação Espírita Umbandista do Brasil, Fátima Damas espera que a lei faça com que a crença seja vista com outros olhos:

Estou muito feliz. É uma coisa que queríamos muito. Nossa religião é genuinamente brasileira, mas a sociedade não a vê como tal. A falta de conhecimento faz com que muitos tenham preconceito.

Lideranças de candomblé e umbanda acreditam que a transformação das religiões em patrimônio imaterial é um reconhecimento da importância da cultura afro para a história do estado.

É preciso preservar a liturgia, a história da umbanda e do candomblé. Somos sacerdotes que lutamos pela verdadeira essência da religião. Umbanda é manifestação do espírito para prática da caridade, como disse o Caboclo das Sete Encruzilhadas — defende o babalorixá Marcos Penna.

Pai Paulo de Oxalá concorda com a visão:

Essa lei é de suma importância para uma religião que no passado foi vítima de represália. É uma vitória, para nossos mais velhos, ialorixás e babalorixás antigos.