domingo, 17 de maio de 2009

Movimento dos Sem Namorados reúne cariocas em passeata - Eles querem encontrar a alma gêmea até o Dia dos Namorados

Passeata reúne homens e mulheres em busca da cara-metade.
Movimento nasceu em sites de relacionamento.

Sem medo do rótulo de “encalhados” e munidos de faixas, cartazes e camisetas, os sem-namorados botaram o bloco na rua. Literalmente. Acompanhados pelo Cordão da Bola Preta, cerca de 200 pessoas - de acordo com a Polícia Militar - foram para rua reivindicar um contato mais íntimo, pessoal e, até quem sabe, duradouro.

De acordo com a Meetic, organização do movimento presente em 18 países, essa é a primeira vez que uma passeata como essa acontece no mundo. A "brincadeira" para reunir os solteiros, em função do Dia dos Namorados, começou às 12h, com o público se dispersando já às 13h30. Em São Paulo, o movimento está marcado para começar às 15h, e ocorrerá dentro do Parque do Ibirapuera.

O Movimento dos Sem Namorados possui site na internet e funciona como uma comunidade de relacionamentos, onde os participantes podem procurar parceiros, marcar encontros e tentar um novo amor.

Entre os manifestantes, estava a professora Rita de Cássia de Sá de Almeida, de 41 anos. Ela conta que está solteira há cinco anos, e afirma que quer "voltar à ativa".

"Estou solteiríssima, completamente livre e desimpedida. Vim aproveitar o momento", frisou Rita.

Junto com a amiga Paula Sandra Ribeiro, de 56 anos, divorciada há 11 anos, que é técnica em enfermagem, seguiram animadas em passeata, levando o cartaz "Namoro já!".

"Não tenho medo de ser chamada de encalhada. Vim aqui para ver se encontro alguém. Não sei se vou arrumar namorado", disse Paula.

Viúva procura par perfeito

A fisioterapeuta Silvia Nobre levou cartões com seus contatos para distribuir A fisioterapeuta Silvia Nobre, de 33 anos, segue à frente na passeata. Ela ficou viúva há dois anos e diz que esta foi uma forma divertida de mostrar que está sozinha. Ela é do Amapá, tem três filhos e já é avó. E trouxe 30 cartões com seus contatos para distribuir durante o evento.

"Para quem não sai de madrugada, nem vai sozinha para a balada, a passeata é uma forma engraçada de dizer que estamos querendo encontrar um amor. Já distribuí cinco cartões para possíveis pretendentes", contou a fisioterapeuta, que desfilou à frente do movimento.

Para a universitária Fernanda Novaes, de 21 anos, a passeata é mais uma tentativa de passar o próximo Dia dos Namorados acompanhada.

"Estou sozinha há um ano, o que é muito. Estou completamente encalhada. Estou cadastrada em sites de paquera, mas até agora não apareceu nada. O tempo é curto. Não quero passar o próximo Dia dos Namorados sozinha. Hoje tenho que sair daqui acompanhada de qualquer jeito", disse a estudante.

Mulheres dominam passeata

Embora a gerente de produtos do site organizador do movimento, Luciana Parente, afirme que os homens representam 55% do público que procura os sites de paquera, os espécimes masculinos estavam em número bem inferior na passeata.

Carregando um cartaz que dizia "Cansei de ser sozinho", o administrador Renan Tadeu, de 23 anos, era um dos poucos a assumir a posição de solitário em busca de uma companheira, no meio da passeata. A maioria, como alguns amigos de Renan, preferiram desfilar ao lado do carro da PM, como se estivessem apenas vendo o movimento.

"Estou sozinho desde sempre. Nunca tive namorada. Mas acho que aqui, no meio da passeata, vai ser difícil encontrar alguém. Está muito tumultuado. Não dá muito tempo da gente conhecer alguém", reclamou Renan.

"Elas que não acreditam na gente ou, pior, só pensam em dinheiro", rebatia o também estudante Henrique Reynaldo, 22, um dos solteiros presentes à manifestação.Assistente social, Elaine de Souza, 33, foi outra que atendeu à convocação do site. Cartaz com os dizeres "Cansei de ser sozinho" em punho, ela acalentava esperança de encontrar um namorado na passeata. "Está difícil, por isso resolvi tentar a sorte aqui.""Me recuso a passar o Dia dos Namorados comendo pizza com uma amiga", diz a estudante Fernanda Novaes, 21, uma das organizadoras do movimento

Mas nem só de jovens foi feito o movimento. Yara Pinheiro, uma dona de casa de 64 anos, era das mais animadas."Eu tenho um moreno, mas ele vai dançar, então já estou procurando outro pra colocar no lugar", riu.

De muletas, o aposentado Joaquim de Jesus Cardoso, 66, estava passando pela rua e resolveu "aderir à novidade". Viúvo há oito anos, ele, no entanto, acha que "ainda é cedo para abrir o coração novamente".

Com 30 anos recém-completados e pressionada pela família a arrumar um marido, a projetista Sylvia Tavares está bastante confiante. Tem motivos. “Acostumada” a namorar e solteira desde março, quando terminou um relacionamento de seis anos, cadastrou-se no Par Perfeito ao saber da passeata pelas amigas. Em 15 minutos de acesso, recebeu mensagens de 15 interessados. Aprovou dois, mas um, por morar no Rio Grande do Sul (“muito longe”), acabou descartado. Para o outro, mandou um e-mail informado o interesse em conhecê-lo.

– Ele escreveu no perfil dele “Não quero Barbie. Quero uma mulher normal”, e eu escrevi no meu “Não quero príncipe. Quero um homem de verdade” – empolga-se Sylvia, ex-crítica da busca virtual por namorados. – Não é que estejamos encalhadas. A internet oferece mais chances de conhecermos gente interessante – defende agora.

O que leva um solteiro a sentar-se diante do computador para encontrar o amor de sua vida é, basicamente, a falta de tempo e de oferta de pessoas “interessantes” nos ambientes por ele frequentado.

– Trabalho o dia todo. À noite, é festa com amigos, sempre a mesma galera. Conhecer alguém leva tempo. Na noite, o pessoal bebe, pega o telefone e não liga. Pela internet é mais fácil – dá a dica.

Adepta do mantra “deixo acontecer. Se tiver de ser, vai ser”, a estudante de fonoaudióloga Gisele Mann, 24 anos, sozinha desde novembro, não está no site, mas se juntará aos companheiros de luta.

– Todo mundo quer encontrar a pessoa certa. Ninguém quer ficar sozinho para o resto da vida. Pelo amor de Deus! – deixa escapar.

De acordo com os organizadores da passeata, pelo menos sete novos casais se formaram durante a passeata ou fizeram um primeiro contato - com beijos - para tentar um relacionamento futuro. Se esse encontro foi definitivo, só o tempo dirá.

Mas quem não se deu bem na passeata ainda terá uma segunda chance: neste sábado (16), os líderes do MSN farão um blitz, a partir das 23h, pelos bares da Lapa, no Centro do Rio, filmando cantadas para serem cadastradas na rede. Se depois disso tudo ainda continuar sozinho, a solução será apelar para um jeitinho mais tradicional e pedir a interferência divina de Santo Antônio, no dia 13 de junho.