COMANDANTE DA PM DECIDIU TROCAR ROGÉRIO SEABRA POR PAULO HENRIQUE, QUE TEM PERFIL MAIS OPERACIONAL.
ESPECIALISTA CRITICA ESCOLHA E TEME CONFRONTOS EM ÁREAS PACIFICADAS
Carro-chefe do governo Sérgio Cabral, o projeto das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) completa quatro anos nesta quarta-feira com uma surpresa: a mudança no comando de sua coordenadoria. O coronel Rogério Seabra, há um ano e três meses no cargo, deve deixar a missão nesta terça-feira.
A decisão foi do comandante-geral da PM, Erir Ribeiro, que comunicou nesta segunda a mudança ao oficial. A troca deve ser publicada nesta terça-feira no Boletim Interno da PM.
Quem assume é o coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, que comandou o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Segundo o coronel Erir, a troca faz parte de processo natural na corporação. Mas ela pode indicar uma insatisfação com o desempenho de Seabra à frente da coordenação.
A especulação sobre a mudança começou há três dias, mas somente ontem os dois oficiais foram comunicados. Seabra chegou no fim de semana do Panamá, onde participou da inauguração de unidade similar à UPP, fruto de convênio entre as polícias do Rio e daquele país, como O DIA mostrou semana passada com exclusividade.
Já Paulo Henrique — que é subchefe do Comando de Operações Especiais — estava finalizando os planos para a Secretaria de Segurança de Niterói, que assumiria em janeiro. Ele garante que, inicialmente, não haverá mudanças no planejamento das UPPs. “Vamos aprimorar o trabalho, atuando de forma mais concentrada onde for preciso”.
Especialistas em segurança divergiram sobre a mudança. “Conheço o coronel Seabra, e ele fazia um trabalho muito bom, com consciência de que o Complexo do Alemão não é o Santa Marta”, criticou José Vicente da Silva, coronel PM de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança.
“O Paulo, apesar de menos político que o Seabra, tem pós-graduação em Administração e é um excelente nome”, avaliou o sociólogo Paulo Storani, ex-oficial do Bope.
Erir não avalia que a entrada de Paulo Henrique dará às UPPs um perfil mais de confronto, já que o policial atuou em unidades combativas. “Na ocupação das comunidades, o Bope entra primeiro e é quem inicia o trabalho de aproximação com a população. Este trabalho começou quando o coronel Paulo Henrique estava lá”.
MANGUEIRA: PM LEVA TIRO NA CABEÇA
O soldado David Ítalo Mendonça de Araújo, 24 anos, escapou de ser o sexto PM de UPP morto somente este ano. Na madrugada desta segunda, ele levou um tiro de raspão na cabeça quando a viatura em que estava com mais três colegas da UPP Mangueira foi atacada no Morro do Telégrafo. David foi medicado no hospital da corporação e liberado.
Em 2012, morreram PMs lotados nas comunidades pacificadas de Nova Brasília, Fazendinha e Fé/Sereno, no Complexo do Alemão; Rocinha; além de um registro na UPP da Coroa/Fallet e Fogueteiro, no Estácio.
Colaboraram Felipe Freire e Flávio Araújo