sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Caso de pedofilia que chocou Portugal tem seis condenados

O tribunal de Lisboa considerou culpados seis dos sete acusados por um escândalo de pedofilia na Casa Pia - uma instituição pública que recebe crianças e jovens pobres, condenando-os a entre cinco e 18 anos de prisão, segundo a sentença lida nesta sexta-feira. As informações são da BBC.
Entre os acusados, seis homens e uma mulher, estavam um conhecido apresentador de TV, Carlos Cruz, e um ex-embaixador de Portugal, Jorge Ritto. Eles faziam parte de uma rede de pedofilia que abusou sistematicamente de 32 alunos da Casa Pia de Lisboa, uma instituição educativa do Estado para crianças carentes.

Os abusos teriam começado em meados dos anos 70, mas só vieram à tona no ano 2002.

Ao longo do processo, mais de 800 testemunhas foram ouvidas, entre elas as 32 vítimas, todos ex-alunos da instituição. As vítimas deram relatos de como eram levadas para porões escuros ou casas isoladas para serem estupradas.

Durante o período dos abusos, cerca de 4 mil crianças eram atendidas nas escolas e orfanatos da instituição. Os réus foram acusados de envolvimento em mais de 900 crimes ligados a abuso sexual e peculato.

Os outros acusados eram Carlos Silvino, ex-motorista e ex-aluno da instituição, o ex-diretor da Casa Pia, Manuel Abrantes, o advogado Hugo Marçal, o médico João Ferreira Diniz e Gertrudes Nunes, dona de uma das casas onde ocorreram os abusos.
Carlos Cruz chegou a ser, nos anos 80 e 90, o apresentador de TV mais conhecido de Portugal. Todos os réus negaram as acusações, exceto Silvino, que admitiu ter cometido abusos e depôs contra outros acusados.

Desde que despontou, há oito anos, após denúncias publicadas na imprensa, o caso causou grande comoção em Portugal.


Sentença

Segundo um comunicado do Conselho Superior da Magistratura de Portugal, o ex-motorista e ex-aluno da instituição, Carlos Silvino da Silva, que foi acusado de 634 crimes e considerado culpado por 126 crimes referentes a abusos sexuais, foi sentenciado a 18 anos de prisão.

Manuel José Abrantes, ex-diretor da Casa Pia, foi considerado culpado pela autoria de 2 crimes e sentenciado a cinco anos e nove meses de prisão.

O apresentador de televisão Carlos Cruz foi considerado culpado de três crimes e condenado a um total de sete anos de prisão.

O ex-embaixador Jorge Ritto foi considerado culpado por três crimes e sentenciado a seis anos e oito meses de prisão.

João Alberto Dias Ferreira Dinis, que foi médico dos alunos da Casa Pia, foi considerado culpado por quatro crimes e condenado a sete anos de prisão.

O advogado Hugo Marçal foi considerado culpado por três crimes e condenado a seis anos e dois meses de prisão.

Gertrudes Nunes, acusada de ser a dona de uma das casas onde ocorreram os abusos, foi absolvida de todas as 35 acusações de fomento à prostituição.